Nessas últimas semanas eu tenho pensado bastante sobre a realidade, porque esse é um tema pelo qual me interesso em pesquisar e investigar. E, por sorte, encontro no yoga alguns vislumbres interessantes para pensar sobre o assunto.
O lance é que existe um paradoxo que me pegou esses dias e sobre o qual eu dediquei uns bons neurônios para tentar elaborar isso para mim mesmo e colocar de forma escrita talvez seja a continuação dessa (tentativa de) elaboração.
É o seguinte: aquilo que chamamos de realidade é um componente de nós mesmo, não havendo então uma separação inerente entre “eu” e o que eu entendo/chamo de realidade. Nesse sentido, coletivamente a gente compartilha de elementos simbólicos que podem ser iguais, mas a experiência de realidade é única. Em outras palavras, se eu estou em um parque com uma outra pessoa, ainda que os elementos simbólicos sejam os mesmos (árvores, grama, lago, pássaros, crianças correndo) a percepção desses elementos é muito única e, portanto, existem duas realidades completamente diferentes sendo percebidas por nós.
Liberdade é a base fundamental da realidade
O paradoxo é que aquilo que chamamos de realidade é “o que é”. Difícil até de tentar definir isso em palavras, mas a realidade se expressa tal como ela é, de forma que eu não posso mudar essa realidade. No entanto, eu, não sendo separado dessa realidade, posso mudar a forma como eu me relaciono e interpreto ela e, nesse sentido, uma mudança nessa relação faz com que a realidade em si também se modifique. Isso porque essa relação (eu/realidade) acontece no campo das experiências e se a experiência muda, tudo muda.
Conforme eu vou escrevendo eu vou me deparando mais e mais com a dificuldade de expressar isso em palavras e em um texto curto. Mas vamos tentar usar um exemplo que pode ser mais prático.
Imagina você na sua adolescência. Você tinha que acordar cedo pra ir para escola e era um saco. Você se irritava, ficava de mau humor, esbravejava com seus pais. Aquela realidade é da forma que é, sentida por você de maneira desagradável. Eis que um dia você de apaixona por alguém da escola e no dia seguinte, quanto seu pai ou mãe vai te acordar, você acorda com empolgação, com o coração alegre, com bom humor, não vendo a hora de ir para a escola.
Aquela realidade é a mesma? É claro que não. A paixão trouxe uma nova perspectiva, um novo olhar, e isso fez com que a realidade também mudasse, porque você e a realidade interagem a partir da experiência, sendo um afetante e constituinte do outro. Você cria a sua realidade tanto quanto a realidade cria você. Esse é o (aparente) paradoxo: a realidade não pode ser mudada por você, mas se você muda, a realidade também muda. Essas entidades “eu” e “realidade” não são fixa, mas vão se moldando nas relações.
É por isso que mudanças cognitivas fazem com que a gente mude a nossa realidade. A gente sempre conhece alguém que relata que alguma coisa aconteceu na vida, as vezes muito boa, outras vezes muito traumática, mas que mudou a forma de enxergar a vida e, portanto, mudou a sua realidade.
Enfim, esse aqui é só um texto confuso. Mas é uma boa piração
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