O ponto principal das filosofias não-dualistas, ou seja, aquelas que enxergam a criação como sendo composta por uma só consciência, como no caso do Vedanta e do Tantra Shaiva Não Dual, é que toda e qualquer experiência já é em si uma experiência divina, pois se não existe separação e, portanto, não podemos dizer que exista uma experiência “menos divina”. Toda experiência é, por definição, envolvida pela consciência, que é a testemunha que observa tudo.
Isso implica em dizer que o que quer que esteja acontecendo agora, é tão divino quanto poderia ser. Essa afirmação pode ser interpretada com certa desesperança por alguém que esteja passando por uma situação desafiadora em sua vida, mas ela confirma apenas o fato de que tudo já é divino, não o de que você se dê conta disso.
É normal no caminho espiritual as pessoas buscarem por algo que está além delas mesmas: uma experiência mística, um estado transcendental de meditação, uma revelação, um evento sobrenatural, a iluminação ou o samadhi. Colocar tais experiências como sendo um objetivo a ser alcançado, é tornar-se cego para aquilo que já se apresenta como realidade em nossa frente.
LIBERTAR-SE É PRATICAR A ENTREGA AO MOMENTO PRESENTE
Aceitar a realidade divina em tudo, é parar de correr atrás de estímulos ou de projeções que nós mesmos criamos, e dessa forma não querer que a realidade seja diferente daquilo que é, pois isso nos aprisiona. Libertar-se, então, é praticar a entrega ao momento presente, seja ele qual for, agradável ou não, você está inteiro na experiência e não no desejo de que algo diferente aconteça, lutando para que a realidade seja diferente do que é. É por esse motivo que a liberdade é a meta do yogi, e não a busca por um estado mental ou por uma experiência, pois ainda que esta seja prazerosa, ela é passageira e você irá querer repeti-la, e dessa forma você não está livre.
Dessa forma, o yoga é um convite para que você se dê conta dessa verdade. Você é divino, tanto quanto tudo o que te cerca, então saia da ilusão que você mesmo criou e viva a realidade tal como ela é. Faça da liberdade o seu objetivo, e a mais genuína felicidade irá se apresentar com espontaneidade, mas no momento em que seu foco for a busca por alguma coisa que você acha que falta em você, a ilusão volta a turvar sua visão.
Harih Om
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