Se você pratica yoga há algum tempo, já deve ter percebido que os mantras são recursos bastante presentes nessa tradição, desempenhando um papel significativo e sendo considerados importantes por várias razões.
Eles são usados como ferramentas para focar a mente, promover a concentração e alcançar um estado de meditação mais profundo. Além disso, os mantras têm uma dimensão vibracional e sonora que pode ter efeitos benéficos no corpo e na mente, ajudando a criar uma atmosfera propícia para a interiorização e a conexão espiritual.
Um mantra bastante conhecido, principalmente em tradições tântricas, é o mantra Oṃ namaḥ śivāya. Esse mantra é chamado de Pañcākṣara (पञ्चाक्षर) que significa cinco (Pañca) sílabas (Akṣara), pois é composto das sílabas Na, Ma, Shi, Va, Ya, sendo que o Om não entra nessa conta.
É sempre muito importante conhecer o significado do mantra e seu simbolismo para que que possamos adentrar de maneira profunda na vibração e na essência do mantra. Então vamos analisar cada parte que compõe o Pañcākṣara.
O SIGNIFICADO DO MANTRA
Oṃ: o mantra Oṃ, também chamado de pranava, está presente no início da grande maioria dos mantras, representando um começo auspicioso e representa a natureza essencial dos 3 estados de consciência (sono, sonho e vigilia e Turya).
Namaḥ: expressão comum em mantras. Essa palavra vem da raiz NAM que significa curvar-se, prostrar-se, ou também pode significar saudar/louvar/reverenciar. Namah é um substantivo, logo, poderíamos traduzi-lo como “saudação”. Ou seja, esse termo refere-se a uma saudação ou reverência que fazemos à algo ou alguém.
Śivāya: Refere-se à divindade, o Deus Shiva. O termos aqui aparece flexionado no caso dativo, por isso o aya no final, que significa “para”, ou seja, “para shiva”.
Portanto, Oṃ namaḥ śivāya é um mantra de para saudar a divindade na forma de Shiva.
Na tradição tântrica, Shiva é muitas vezes representado como o aspecto supremo da consciência ou do poder cósmico. Ele é considerado o princípio estático que se une à energia dinâmica representada por Shakti. A união divina de Shiva e Shakti é vista como a essência da criação e é simbolizada como o casamento cósmico, conhecido como "Shiva-Shakti".
OS CINCO ATOS DA DIVINDADE
Podemos também relacionar as cinco sílabas do mantra com os cinco atos de Shiva. Os cindo atos divinos são:
Srishti (सृष्टि): Ato de Criação - Representa o poder criativo de Shiva, onde ele é o criador do universo. Representado pela sílaba NA.
Sthiti (स्थिति): Ato de Preservação - Refere-se à preservação e manutenção do universo, onde Shiva assegura a estabilidade e continuidade. Representado pela sílaba MA.
Samhara (संहार): Ato de Destruição - Simboliza o papel de Shiva como destruidor do universo, mas essa destruição é vista como uma transformação necessária para a renovação. Representado pela sílaba Shi.
Tirobhava (तिरोभाव): Ato de Ocultação/Ilusão - Envolve o poder de Shiva de ocultar sua verdadeira natureza e aparecer no mundo em várias formas, muitas vezes para guiar os devotos. Representada pela sílaba Va.
Anugraha (अनुग्रह): Ato de Graça/Concessão - Representa a benevolência de Shiva, onde ele se revela aos devotos. Representado pela sílaba Ya.
Esses cinco atos de Shiva encapsulam sua natureza cósmica e sua influência sobre o ciclo eterno de criação, preservação e destruição no universo.
E dessa forma, temos uma dimensão mais profunda do significado desse mantra. Uma boa maneira de praticá-lo é na forma de japa (repetição), utilizando um japa-mala de 108 contas para entoar o mantra.
Lembre-se que a vibração do mantra é muito poderosa e conduz a um estado propício para meditação, então aproveite essa ferramenta.
Maravilhoso, fui até pegar meu japa-mala para recomeçar a meditar com esse mantra. Agradecida.